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“Normal” x Patológico


Ao fazer referência à psicopatologia requer cuidado, cautela e estudos, tratando-se de uma atividade permanente, desde o século XIX. Porém houve muitas mudanças, principalmente no campo social. Quando há o estudo do sofrimento psíquico, que envolve concepções relacionadas às doenças , pode-se pensar na palavra: depende. A normalidade pode ser explicada sob duas perspectivas:

– Objetiva-Científica – visão naturalista, onde a regularidade de comportamentos estaticamente se faz relevante, ou seja, os comportamentos mais recorrentes dentro dos parâmetros de normalidade, o sujeito que desvia da curva da média é considerado fora da normalidade.

– Normativa – o sujeito teria condições de passar por um sofrimento psíquico e ter a capacidade de sua mente regular o modo de relacionar-se com os outros, reequilibrar seu organismo após uma doença. Saber vivenciar uma situação de estresse grave sem que lhe cause maiores danos.

Quando pensamos em anomalias, consideramos o inverso do normal, o que está fora da normalidade, de acordo com o que é medido. O anormal estaria à margem das normas impostas pela sociedade. A norma seria de caráter individual, pois a média é incapaz de estabelecer o que seria normal e anormal para alguém, visto que, certos desvios de ordem individuais não seriam vistos, necessariamente, indícios de patologia. Assim sendo, cada qual teria sua própria definição do que seria normal para si.

A patologia é o impulso contrário à sua natureza. Pode-se falar em patologia quando há uma dilaceração interna, com sinais, chamados de sintomas, de acordo com a classificação e critérios estabelecidos pelo DSM-V. O sintoma é tratado por vias farmacológicas e ou o uso de terapêuticas, a fim de amenizar os conflitos internos. A patologia é vista sob as variantes, ou seja, dependendo do modelo ideal focado pela sociedade, exigindo padrões e valores cada vez mais severos. É visto que no patológico existe a contradição, implicando uma ambivalência de experiências e uma história pregressa permanecendo em uma monotonia circular. Canguilhem (1952) pontua que: “o patológico não é a ausência de normas, mas a presença de outras normas vitalmente inferiores, que impossibilitam ao indivíduo viver um modo de vida anterior, permitido aos indivíduos sadios. O patológico será o contrário vital do sadio.”

A pessoa saudável sugere que o indivíduo seja capaz de exercer, de manter sua vida, mesmo com os percalços cotidianos. A saúde possui suas regularidades. Assim, quanto menos restrições, menos doenças. A medicina até o fim do século XVIII, referia-se mais à saúde do que a normalidade. Pontuando para as qualidades de vigor, flexibilidade e fluidez. Em relação à saúde pública, como a quarentena, o isolamento, acender fogueiras entre outras práticas, eram tidas como normativas, buscavam assegurar o ideal de saúde, onde recomendava-se comer, beber, relacionar-se sexualmente, banhar-se e suar, com moderação. E além do mais, o pensamento idealizado pela religião da época, era substituído por tais normas, uma das prescrições para se ter saúde, era não pecar. A saúde, como um ideal, uma norma, um modelo são desde a Antiguidade, onde o valor se refere aos padrões sociais aceitos, estimados e desejados. A saúde constitui uma certa capacidade de ultrapassar as crises orgânicas para instalar uma nova ordem fisiológica. Dessa forma, ficar doente e conseguir se reestabelecer significa algo de grande valia. A doença era vista sob o aspecto anátomo-clínico.

Estar doente, constitui uma norma de vida inferior, o indivíduo doente fica incapaz de se transformar, perdendo sua capacidade normativa, por não conseguir considerar outras normas que não seja as vividas por ele. No passado, as pessoas que procuravam os médicos para identificar algo em si, por apresentar sintomas e ou não se sentirem mais as mesmas, através das técnicas de laboratório permitiria aos médicos reconhecer os doentes, embora tais testes, apresentavam apenas um resultado. Há uma singularidade entre a saúde e a doença, transcendendo a individualidade de cada um, bem como a cultura e nível socioeconômico. O genótipo também tem influência de como o indivíduo se envolve com os fatos da vida.

As diferenças são de acordo como cada uma enxerga “o diferente”, o que é certo? O que é errado? Pode ser que um indivíduo não tenha patologia por expressar um comportamento diferenciado pela maioria. Por exemplo: Uma pessoa que apresenta um comportamento tímido, quieto, que não olha nos olhos dos outros, não pode ser visto como autista. O diferente possui a sua singularidade.

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